O medo – Por Sargento Neri – Deputado Estadual

Vivemos um período de crise, potencialmente avassaladora, causada por uma pandemia que tem assustado o mundo, ceifando vidas e desmoronando a economia mundial.
Sentimos medo, pois, não podemos ver nem perceber a aproximação do vírus causador da doença, não queremos sofrer, nem sermos transmissores do contágio. Diante dessas circunstâncias, podemos afirmar que o medo faz bem, pois nos leva a adotar medidas preventivas para a autopreservação, medidas razoáveis como:- higiene pessoal, distância segura de outras pessoas, evitar aglomerações e etc…
Em virtude do interesse geral e da consequente busca por informações pela população a imprensa vem dando grande destaque às notícias relacionadas a Covid-19, cria-se então um círculo vicioso de medo, a minha preocupação me faz buscar notícias sobre o tema e o meu medo se potencializa pelo apelo da imprensa, então o medo, que era salutar, se transforma em pânico ou paranoia, podendo levar as pessoas a extremos:- exageros no isolamento, violência, desespero, transtornos psicológicos, entre outros.
Neste momento temos que buscar um caminho racional, pois, nem os especialistas conseguem chegar num consenso sobre a real dimensão da pandemia, os pontos em comum são:- o contágio é mais veloz em aglomerações e que a letalidade é maior em pessoas idosas ou com problemas crônicos graves de saúde, conforme ficou demonstrado no norte da Itália, região fria, especialmente agora no inverno europeu, habitada por grande número de idosos com alta densidade demográfica. E também nos EUA, que finaliza o inverno do hemisfério norte, e tem na maior metrópole, Nova York, o maior número de casos.
No Brasil, temos os maiores números de infectados nas grandes metrópoles, São Paulo e Rio de Janeiro, e os idosos como maiores vítimas, portanto, os pontos consensuais dos especialistas devem ser levados em conta, principalmente porque estamos entrando no outono no hemisfério sul.
Por outro lado, a estagnação econômica ocasionada pelo isolamento social em larga escala por longo tempo fatalmente causará falências generalizadas, especialmente no Brasil onde a economia não estava estabilizada. Essas falências podem nos levar ao caos social, com desemprego em massa, inflação pior que a vivida nos anos 80 do século passado, disruptura das Instituições e violência fora de controle.
Infelizmente, diante das possibilidades, algumas autoridades, ao invés de buscarem soluções racionais, buscam os holofotes para permanecer na mídia e alavancar projetos pessoais.
A saída da crise e a minimização dos seus efeitos futuros está, a meu ver, no caminho do meio, ou seja, a proteção dos idosos, evitar aglomerações e retomar as atividades de forma controlada, para que haja reversão se necessário. Por exemplo:- um restaurante com espaço para 50 pessoas atenderá no máximo 20 pessoas por vez; empresas que não podem fazer home office, estenderiam seus horários para trabalhar em turnos, com menos pessoas em cada um desses; eventos seriam realizados por períodos maiores com menos público em cada dia, e etc…
Com essa retomada parcial e gradual, manteríamos a economia funcionando minimizando perdas, e, caso haja recrudescimento da propagação do contágio, entraríamos novamente em stand by.
Para que isso ocorra, é necessário que a população não seja dominada pelo pânico, e atenda orientações dos poderes vigentes, ao mesmo tempo em que cada pessoa adote todas as cautelas necessárias para proteger as demais, os seus entes queridos e a si próprias.
Não podemos permitir que o medo, que protege todo ser humano, se transforme em pânico, caso isso ocorra, viveremos dias muito piores do que os que vivemos hoje.

Sargento Neri é Deputado Estadual e Vice-presidente da Comissão de Segurança Pública da Alesp

SARGENTO NERI
DEPUTADO ESTADUAL

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